Nossa sala de aula!

Vamos publicar na Sala de aula da Lázara alguns artigos, direcionamentos, mensagens, discussões etc., meus e seus.

19 de junho de 2012

LUTERANISMO


LUTERANISMO,
por Valdir Afonso de Paulo



1. INTRODUÇÃO:
            Por pelo menos cento e vinte e cinco anos antes do início da Reforma, o fato do descontentamento teológico e espiritual com a síntese católica se mantivera em ebulição.
            No século XIV, John Wyclife, “a estrela da manhã da Reforma”, havia desafiado as premissas da Igreja católica, no que dizia a respeito à autoridade temporal e espiritual. Apesar de estar preso, seu ensino teve ampla atenção na Inglaterra e toda Europa.
            John Huss, professor, universitário e sacerdote em Praga.
            Declarava que era Cristo o cabeça da Igreja, não o papa.
            Intimado pelo Concílio de Constânça, ali foi condenado com herege e queimado na fogueira.
            Ocorre o declínio do escoláticimo e  a ascensão do humanismo.
2. CONTEÚDO
            O humanismo por uma cosmovisão é visto como “humanismo secular”.  Não era uma filosofia nem um conjunto de crenças.
            Surgiu no início da Renascença, o humanismo era uma linha de estudo que enfatizava (poesia, gramática e retórica) e métodos de estudo das fontes Ad fontes! – “De volta as fontes”.
            Na Itália – retorno às raízes clássicas gregas e romanas (Ocidente)
            Norte da Europa – primazia as Escritura nas línguas originais e á autoridade sobre os teólogos (escolasticismo).
            Todos os países do norte europeu produziram humanismo, mas eles vieram em muitas matizes.
            Os franceses – retorna à lei do Império Romano.
            Suíços às fontes moralistas.
            Ingleses, remonta o renascimento italiano.
            O príncipe humanista Desidério Erasmo de Roterdã (1466-15360).
            Sua grande contribuição à Reforma foi uma edição impressa do NT grego, original.
            O método teológico dominante no final da Idade Média era o escolasticismo. (integrado e de deduções lógicas) um sistema racional do cristianismo.
            Anselmo e Tomás de Aquino filósofos realistas, em grande essa filosofia  realista foi sendo substituída pelo nominalismo.
           
            Martinho Lutero (1483-1546). O pai não só do luteranismo, mas, em última análise, de todo protestantismo. Estudou na Universidade de Erfurt, bacharelado em 1502, mestrado em 1505, ingressou no monastério agostiniano de Erfurt. Entrou no sacerdócio em 1507. E no doutorado em 1511.
            Lecionou na Universidade de Wittenberg, Salmos (1513-1515), Romanos (1515-1516) e Gálatas (1616-1517). Sua tese, a justificação – “O justo viverá pela fé”.
            Uma percepção de que a justiça de Deus não era punitiva, mas uma justiça que concedia fé.
            Estabeleceu os parâmetros para a Reforma luterana.
            A segunda figura da Reforma luterana foi Filipe Melâncton (1497-1560). Lecionou NT em Wittenberg, mestre, prodígio e erudito humanista. Muito reconhecido em toda Europa.
            O luteranismo confessional construído sobre as confissões de fé que foram aceitas e reunidas no Livro de concórdia, de 1580.
            Entre as confissões, estão os credos ecumênicos: Credo apostólico, o Credo niceno, e o Credo de Atanásio, além da fórmula de concórdia.
             Foi um movimento teologicamente conservador.
             A ruptura de Roma com Lutero teve por motivo um ensino fundamentado das Escrituras.
            Movimento de mentalidade católica (universal) e evangelical (insistindo num relacionamento pessoal com Jesus Cristo).
            De tradição trinitária e cristologica dos séculos IV e V.
            O conceito de agostiniano do pecado e seus efeitos.
            Foi na Reforma luterana que surgiram os solas da reforma:
            Sols gratia. A justificação e a salvação são pela graça de Deus somente.
            Sola fide. Somente a fé é o meio de apropriação da salvação de Deus, que é pela graça.
            Sola escriptura. As Escrituras são a única fonte, regra e norma de fé, o meio pelo qual os seres humanos conhecem Deus e sua vontade e a base do entendimento teológico.
            Solus Chistus. O ato redentor de Cristo é a mensagem central das Escrituras, a comunhão com Cristo é o fato central da vida cristã.
            A grande contribuição de Lutero para a teologia é sua teologia da cruz.
            A verdadeira teologia para Lutero se contenta em encontrar Deus como ele se deu a nós, no sofrimento e na revelação da cruz. O resto é razão, místico e outros.
            Os luteranos compreendem a Igreja com o Israel espiritual.
            A preferência do luteranismo em termos de governo era pela autonomia local, sob a autoridade da Palavra de Deus.
            Embora os luteranos reconheçam que termo “sacramento” não consta nas Escrituras.       Está relacionado a Tertuliano que usou a palavra latina sacramentum para traduzir o grego mysterion. O termo latino referia-se a um “juramento” ou a uma promessa.
            Agostinho definiu o sacramento como “uma forma visível da graça invisível”.
            Lutero diferente da Igreja católica romana que aumentou os sacramentos para sete: (batismo, eucaristia, penitência, confirmação, matrimônio, ordens sagradas (ordenação ao sacerdócio) e extrema-unção), ele em seu livro Do cativeiro da Igreja, escreve que só reconhece três: batismo, penitência e o pão (eucaristia).
            Em seu tratado já reconhece só dois: batismo e o pão (eucaristia).
            Afirma que os sacramentos legítimos devem: 1) ter sido instituído por Cristo, 2) depender de seu mandamento e 3) ser derivado de sua Palavra.
             O conceito luterano se move entre uma dialética de promessa e fé.
            De acordo com o Catecismo maior, de 1529, os sacramentos devem ter três características básicas:
  1. O sacramento é “uma coisa e um sinal santo e divino”, instituído por uma palavra que promete a salvação Independentemente do mérito humano.
  2. Seu propósito é salvar o homem do pecado, da morte e do diabo e estabelecer a comunhão eterna do homem com o Cristo ressurreto.
  3. O poder salvívico do sacramento é mediado pela fé na Palavra e no sinal externo.
                        Talvez a controvérsia mais importante em torno do batismo seja a questão da legitimidade do batismo infantil, isto é, se devemos ou não batizar as crianças.
            Os luteranos vinculam decisivamente o batismo à fé.
            O próprio Lutero sustentava no início que a criança era salva pela fé dos pais, dos padrinhos ou do pastor.
            Para o luterano, o batismo da criança indica sua entrada na fé.
            A doutrina da presença de Cristo na comunhão (eucaristia) foi denominada “consubstanciação”.
            Colóquio de Marburgo reuniu líderes protestantes de todas as vertentes, Lutero, Melâncton, Zwinglio, mas ainda continuou sem acordo com “este é meu corpo”.
            A interpretação de Lutero acerca da natureza de ceia estava, em última análise, radicada na cristologia.
            Veremos dois entendimentos da cristologia pela definição de Calcedônia (451), sua divindade (a escola alexandrina), e a sua humanidade (a escola antioquena).
            O luteranismo afirma somente a predestinação para a salvação (Ef 1.5).
            Deus sustenta, dirige e orienta sua criação para um propósito aqui em vida.
            Esse propósito encontra seu cerne na Igreja (Ide “Indo, ser e fazer discípulo”).
            No entendimento luterano tradicional, o homem é uma dicotomia (material e a imaterial).
            A vontade da alma morta (homem está condenado) em relação a obra do Espírito, o homem está predestinado à salvação.
            Seguindo a tradição agostiniana, os luteranos acreditam “que todos os homens são pecadores de nascimento, mortos em pecados, inclinados para todo mal e sujeitos à ira de Deus”. 
            O ser humano é incapaz, por seu esforço próprio ou pela assistência da “cultura e ciência”, de se reconciliar com Deus.
            Reconhecem dois tipos de justiça “justice civil”, vista nas boas ações sem amor ou obediência a Deus (a razão). Não são, portanto, atos de “justiça espiritual”, (interna e oriunda do relacionamento com Deus) da fé.
            Por sua perfeita obediência, Cristo satisfaz justiça divina no lugar do homem, mudando a ira de Deus em graça.
            O coração da soteriologia luterana é a doutrina de justificação pela fé, o anúncio judicial de Deus pelo que os pecadores são declarados não mais culpados quando exercem fé em Jesus Cristo.
            Os luteranos entendem que existe uma dialética na vida cristã: (ao mesmo tempo justificado e pecador), (diante de Deus ou na presença de Deus). O que é correto é feito pela fé, ou a partir do relacionamento com Deus. A verdadeira justificação não pode existir sem a santificação.
3. CONCLUSÃO:
         O Batismo em si só não tem poder para salvar, as pessoas são batizadas, não para serem salvas, mas porque já são salvas. Portanto, não é correto dizer que o rito seja absolutamente essencial para salvação.
            Então, conforme as Escrituras Sagradas somente a pessoa que tiver capacidade de crer, obedecer e ser ensinável deve ser batizada (Mc 16.15,16; Mt 28.19,20).
            Para Pearlman (1993, p.221), as crianças não têm pecados de que se arrepender e não podem exercer fé, logicamente são excluídos do batismo nas águas. Com isso não é impedimento que eles venham a Cristo (Mt 19.13,14). As igrejas Cristãs de hoje comungam desta idéia de que as crianças não sejam batizadas e sim consagradas ao Senhor Jesus em culto público.
            A explicação luterana da eucaristia é problemática para a maioria dos protestantes.
            A idéia da presença física é confusa.
            Jesus diz na Bíblia: “em memória de mim” (1 co 1.24) a presença espiritual e não encarnada.
            A doutrina da santificação (“ao mesmo tempo justificado e pecador”). Temos que levar a sério esta questão do pecado, pela justificação foi pago na cruz por Cristo, mas a transformação vai acontecendo gradual, com ensino, relacionamento e outros.
            É complicado cada teólogo, cada denominação pensa de um modo, vamos fazendo a obra de Deus, e temos que estudar muito a TEOLOGIA. Amém!

FONTE:
SAWYER, M. James. Sistemas Teológicos. In: Uma Introdução à Teologia: das questões preliminares, da vocação e do labor teológico. São Paulo. Vida, 2009, ps. 310- 332.


18 de junho de 2012

TEOLOGIA WESLEYANA-ARMINIANA



TEOLOGIA WESLEYANA-ARMINIANA
por Alexandre Borges Siqueira



CONTEXTO: Europa e Inglaterra (a partir do final do século XVII)

DEFINIÇÃO: Faz parte do sistema teológico e é um movimento que:
a)    Pertence à tradição da Reforma;
b)    Nasceu como uma reação contra o Calvinismo;
c)    Surgiu como resposta a diversas indagações

ASPECTOS:
1 – ARMINIANISMO – Jacó Armínio
a)    Enfatizava a expiação ilimitada (Cristo morreu por toda a humanidade) e a liberdade humana (homem podia escolher: aceitar ou rejeitar a Cristo);
b)    A salvação inicia com Deus, porém o homem é livre para aceitar ou rejeitar (soteriologia sinergista);

2 – WESLEYANISMO – John Wesley
a)    Enfatizava que a justificação e santificação é operada por meio da graça de Deus e da resposta humana;
b)    Defendia a Perfeição Cristã;

3 – WESLEYANISMO + ARMINIANISMO
a)    FUSÃO do conceito de SANTIDADE (Wesley) com ênfase no conceito de SALVAÇÃO (Soteriologia sinergica) de Armínio.

CARACTERÍSTICAS:
a)    Eleição/Predestinação/Pecado/Graça;
b)    Conversão/Regeneração/Santificação;
EM SUMA: A salvação é SINERGISTA – iniciada por Deus mas tendo a correspondência do ser humano. O indivíduo deve cooperar com a salvação que vem da graça de Deus.