ORTODOXIA,
por Dilson Ferreira Soares
No Ocidente a teologia
protestante e católica é influenciada por Agostinho, já no Oriente, a teologia
ou o cristianismo chamado de Ortodoxia apoia-se nos pais gregos, especialmente
Atanásio e os capadócios (Basílio, o Grande, Gregório de Nazianzo e Gregório de
Nissa). (SAWYER, 2009, p.
261).
A história da ortodoxia é datada de 16 de
Junho de 1054, quando o cardeal Humberto, representante do papa Leão IX,
excomunga o patriarca de Constantinopla, Miguel Celulário, rompendo assim as
igrejas do Oriente com as do Ocidente (SAWYER, 2009, p. 261), ficou conhecida
como o Grande Cisma.
Das questões teológicas, as razões para
separação destaca-se a expressão filioque,
a diferenciação das línguas (latim no Ocidente e Grego no Oriente), ambiente
políticos muito diferentes. Enquanto que no Ocidente os lideres exerciam, quase
sempre, a liderança política dominante, no Oriente, a Igreja era aliada muito
próxima do imperador e do Estado.
A natureza e a metodologia do pensamento
teológico no Oriente, toma uma direção mais personalista, tradicional,
conservadora, refletindo a herança dos pais gregos. (SAWYER, 2009, p. 262,3).
Quanto à doutrina de Deus, em si mesmo Ele é
absolutamente transcendente e racionalmente desconhecível, a teologia ortodoxa
é apofática (Gr. Apophasis),
“negação”, (Ex. Deus não é finito), ao dizer o que Deus não é, ela não está
negando o valor de afirmação catafática
(positiva) sobre Deus. (Gr. Kataphasis),
“afirmação” (Ex. Deus é infinito), contudo essas afirmações são verdadeiras num
sentido relativo e não podem adequadamente captar a essência de Deus (SAWYER,
2009, p. 265).
A teologia oriental é profundamente
trinitariana, ao contrário da teologia ocidental, vê a doutrina da Trindade não
como uma abstração teológica, e sim como uma verdade de profunda importância
prática para cada cristão. (p. 266). O filioque (termo latim “e o Filho”), foi
à causa da divisão dogmática entre o Oriente e o Ocidente. (p. 267).
A Igreja Ortodoxa faz uso das imagens,
afirmando que no AT Deus se revela inteiramente transcendente em relação a
qualquer imagem que possa fazer conhecida a sua natureza. (p. 268). O preceito
central na teologia ortodoxa é a noção de que Cristo é a imagem (gr. eikon) do Pai. (p. 269). Faz uso dos
ícones, afirmando que, ao se prostrar diante de ícones e beijá-los ou acender
velas diante deles, o faz não como ídolos, mas como símbolos, estão venerando
não o objeto, mas quem ele representa (p. 271).
Em relação às Escrituras, tradição e
testemunho do Espírito, o Ocidente localiza a autoridade na objetiva palavra de
Deus escrita, no Oriente a autoridade é vista como interna e pneumática,
dogmática e externa. (SAWYER, 2009, p. 276).
BIBLIOGRAFIA:
SAWYER, M. James. Uma introdução à teologia: das
questões preliminares, da vocação e do labor teológico. São Paulo: Vida, 2009.
p. 261-279.